quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Rasteiras que a vida te dá....


'A vida te dá uma rasteira.

Você cai, tropeça, o sonho borra a maquiagem, o coração se espalha.

Você sente dor, perde o rumo, perde o senso e promete: paixão, nunca mais.

Você sente que nunca irá amar alguém de novo, que amor é conversa de botequim, ilusão de sentido, que só funciona direito para fazer música, poesia e roteiro de cinema.

E você inventa. Um amor pra distrair.

Um amor pra ins-pirar.

Um amor pra trans-pirar.

Uma paixão aqui, um quase-amor ali.

Ainda bem que existem amigos para amar, abraçar, sorrir, cantar, escrever em recibos e tirar fotos bonitas.

E a vida segue. Feliz.

Sua imaginação te preenche, seus amigos te dão colo, vodka e dias incríveis.

Aí do nada ele surge. Ele.

Ele que é diferente de tudo. Ele que é tudo. Mas tudo não existe. Ele sim. Ele existe.

E gosta de poesia, de praia, de palavras simples e café na cama.

Ele que é lindo. Lindo por fora, mas infinitamente lindo por dentro.

Que tem sonhos molhados, planos no varal e o coração atirado na mala.

Ele que não se parece com nada.

Ele que combina comigo. E não tem medo. Ele não gosta do morno, de mais ou menos, de música feia, nem sentimento pequeno.

Ele que me abriu o verbo, me fez chorar, escancarou o coração, confessou o que não se diz e me sentiu.

Lá de longe, no fim do mundo, ele me sentiu.

Me enxergou por dentro, me chamou de anjo, disse que eu sorria lindo e me deixou tímida.

E me mandou músicas lindas, versos lindos, devolveu minha esperança, me fez querer acreditar de novo.

Ele que não gosta de jogo, que tem o sorriso mais lindo do mundo, que não pára nunca de sorrir e me olhar.

Ele que não pára nunca de se buscar e me encontrar... Ai, pára tudo. Eu quero um All Star porque eu vou casar(!). Eu não gosto de tênis, vivo de salto ou chinelo, mas eu quero um All Star 36 porque eu vou me casar com ele.

Porque planos nem sempre dão certo e a gente tem que ousar e desafiar a razão: eu vivo para sentir.

E eu sinto que quero estar com ele. Agora.

Quero viver com ele na casa de armário pequeno, ter uma filha que não se chama Maria e viver de amor.

Sem medo. Sem planos a longo prazo.

Vou viver e ser. Vou viver, ser e amar. Vou viver, ser, escrever e amar.

Com ele. Até o fim.'


Martha Medeiros